domingo, 31 de agosto de 2008

MAIO

Maio é o melhor mês para se pegar praia
Foi o que me disse aquela vez um cara


Acho que eu gostava tanto dos surfistas
Pelo simples fato de querer ser um deles


Gostar do que é belo nos aprisiona
Porque tambem queremos sê-lo


E indagou-me se estava esperando por um príncipe
Na verdade não sei o que estava esperando


Só sei que agora continuo não sabendo
E Maio continua um belo mês para a praia


A única certeza que tenho é a de que Maio
Aquele Maio não volta mais


Coisa que também ignorava
Assim como cada Maio que passava


Passava com sua doce brisa discreta levando
Embora o cruel tempo


Sem que eu nada percebesse
Sem aviso, calado, frio e doce, Maio


Assim com sol, sem calor, céu azul
Do jeito que a gente gosta


Maio homem, amor, sensual, verdadeiro
Tão passageiro quanto permanente


Eu não tinha idéia do quanto ele veio pra ficar
A ponto de me assolar num verão


Tão longínquo, anos depois
Um amor que ficou numa estrela


Que me transportou no tempo ao
Contemplar o céu nesta noite, uma noite


E só agora posso sentir
E com muita felicidade


Que o tempo não existe
E plagiando um mestre


O homem não vem da Terra
Vem das estrelas


Ha, que delícia dizer uma
Coisa tão linda


Eu tinha certeza que não era daqui
Mas das estrelas


Isso me faz feliz
A mim e aos meus amores


Que "são" grandiosos
Aqueles que ficaram num olhar, num píer


Num fim de tarde
Uns que não se consumaram


E não os que se consumiram
Aqueles que foram Bonitos


Através do tempo
Não que duraram um tempo


Frações flashes
transas re-transas


Encontros reencontros
Como são valiosos


Poderosos, resistem através do tempo
Quando não esquecidos


Por nenhuma das partes
E quanto isso já me aconteceu


E divago se ainda vou encontrar o moço do outro lado do píer
Que não tem mais face


Porque já ficou como um sonho
Ele merece ganhar um rosto


Maio é nosso
Meu e de meus amores


Doces, singelos
Que todos os meses do ano sejam Maio


Tão discreto quanto grandioso
Maio não pede nada


Apenas existe, está lá no tempo
Congelado e recorrente


Maio esperto e safo
Sem deixar nenhum rastro


Um brinde: para sempre
Maio!

Mery

"Alfie, o sedutor"

O filme saiu de cartaz misteriosamente e foi mal interpretado pela crítica brasileira que o acusou injustamente de moralista.

E não é nada disso, sua leitura deve ser feita pelo lado existencial e, apesar de ser um remake, ele é extremamente atual, cai como uma luva para os dias de hoje.

No que se refere aos relacionamentos amorosos, à solidão, aos tempos modernos, enfim, à questão que nos indaga desarmado um Alfie perdido, olhando diretamente para a câmera, para o espectador, relação que se estabelece desde o começo do filme: "Afinal, qual a resposta?"

Alfie não passa de um 'bom vivant' aproveitando sua solteirice, jogando seu charme e elêgancia para todos os lados.

Não vamos esquecer que falamos aqui de Jude Law que esá bastante sedutor aqui na pele de Alfie.

Nosso herói atrai mulheres de todas as idades, tipos e classes sociais e costuma ser bem sucedido.

Ele é inconsequente sim, até admite isso quando faz um balanço no final de tudo mas, ainda paira no ar: e aí ? o que seria consequente?

A questão que fica é indagada por um velho homem enquanto os dois caminham numa praia em direção ao horizonte: "O que fazer depois?"

Mery

"The Company" by Robert Altman

O filme é uma ode ao balé com momentos de pura poesia.

Altman, que se dizia pouco conhecedor dessa arte, penetra fundo em seu mundo. Mostra o esqueleto, os ossos do ofício, por assim dizer, e viaja pelo seu glamour.

O trabalho duro, diário e a solidão do bailarino são retratados com veracidade. Neve Campbell é uma surpreendente revelação como exímia bailarina.

Ela co-produziu o filme com Altman e a estória é sua. Se bem que não podemos dizer que há uma estória, pois mais parece um documentário da companhia de Chicago.

O que importa é que somos levados a um mundo à parte, onde o instrumento do artista é o próprio corpo que tem que estar afinadíssimo para a performance.

E não falamos aqui de um culto ao corpo como quem vai à academia em busca de estética, pelo contrário, é tudo por amor à arte. Como diz o título em português, são corpos com alma.

Há uma apresentação ao ar livre debaixo de uma tempestade, um pas de deux, que é de arrasar.

Mery